Ter acesso à internet deixou de ser um luxo e passou a ser uma necessidade. Seja para marcar uma consulta, comunicar com familiares ou aceder a serviços públicos, estar ligado ao mundo digital é essencial. Felizmente, em Portugal, existe um apoio chamado tarifário social de internet, criado para garantir que todos tenham acesso a serviços de telecomunicações, mesmo com rendimentos reduzidos. Neste artigo, explico de forma simples e prática como funciona este apoio e como o pode solicitar.
O que é o tarifário social de internet?
O tarifário social de internet é um serviço de banda larga com condições especiais, disponível para famílias com baixos rendimentos ou que recebam prestações sociais. Foi criado pelo Governo e é gerido pela ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações), estando disponível junto da maioria dos operadores, como a MEO, NOS, Vodafone ou NOWO.
Este tarifário garante um plafond mínimo de 15 GB por mês, com uma velocidade de 10 Mbps de download e 1 Mbps de upload, por um custo máximo de 5 euros + IVA (cerca de 6,15 euros). Para quem apenas precisa da internet para tarefas básicas — como ver e-mails, consultar redes sociais, usar o WhatsApp ou aceder ao portal das finanças — é uma solução acessível e suficiente.
Quem tem direito?
Pode aderir ao tarifário social de internet se fizer parte de um agregado familiar que esteja em, pelo menos, uma das seguintes situações:
- Receber o complemento solidário para idosos;
- Beneficiar do rendimento social de inserção;
- Ter subsídio de desemprego;
- Estar abrangido pelo abono de família (1.º escalão);
- Ter pensão social de invalidez ou velhice;
- Ter rendimento anual igual ou inferior a 5.808 euros, acrescidos de 50% por cada membro adicional do agregado familiar sem rendimentos (até ao máximo de 10 pessoas).
Por exemplo: se o António vive com a esposa e dois filhos menores, o rendimento total do agregado pode chegar a cerca de 11.616 euros por ano para ter direito ao apoio.
Como pedir o tarifário social de internet?
O processo é mais simples do que parece. Eis os passos principais:
- Reúna os documentos necessários:
- Cartão de Cidadão ou Bilhete de Identidade + NIF;
- Comprovativo da prestação social ou da situação de baixos rendimentos (pode ser obtido através do portal da Segurança Social ou da Autoridade Tributária);
- Declaração da composição do agregado familiar, disponível no portal das finanças.
- Contacte o seu operador de telecomunicações:
Pode fazer o pedido por telefone, e-mail ou numa loja física. Diga que pretende aderir ao tarifário social de internet e apresente a documentação necessária. Os operadores têm, por lei, a obrigação de aceitar o pedido, caso cumpra os critérios. - Confirmação e ativação:
Após a verificação, o operador tem 10 dias úteis para ativar o serviço. Receberá um novo contrato, com as condições específicas do tarifário social.
Dicas úteis para facilitar o processo
- Se não souber como obter os comprovativos online, peça ajuda a um familiar, amigo ou dirija-se a uma junta de freguesia ou loja do cidadão.
- Em alternativa, pode ligar para a linha de apoio da ANACOM: 800 206 665. É gratuita e ajuda a esclarecer dúvidas.
- Tenha atenção: este tarifário não inclui televisão ou telefone fixo. É apenas para internet fixa ou móvel, conforme a opção disponível pelo operador.
Exemplo:
A Dona Rosa, reformada de 72 anos e residente em Torres Vedras, precisava de internet para falar com a neta emigrada na Suíça. Com uma reforma de 310 euros, não conseguia pagar um tarifário normal. Em 2023, com a ajuda da neta, pediu o tarifário social na MEO. Hoje, paga apenas 6 euros por mês e faz videochamadas todas as semanas, sem preocupações com o saldo.
Porque deve aproveitar este apoio?
Num país onde mais de 300 mil famílias têm direito ao tarifário social mas apenas uma parte o utiliza, é fundamental divulgar esta ajuda. A internet pode ser uma janela para o mundo — e ninguém deve ficar de fora por falta de condições económicas.