A 1.ª jornada da Liga Portuguesa (LP) Betclic 2025/6 do FCPorto estava, inicialmente marcada, para dia 9 de agosto. Porém, com o luto da estrutura portista pelo seu «eterno capitão» e dirigente Jorge Costa (JC) – falecido inesperadamente nessa semana –, o jogo foi adiado para dois dias depois, recebendo em casa o Vitória SC. O estádio voltou a compor-se bem, com 48.354 adeptos (cerca de mil da equipa visitante), para a jornada inaugural da Liga e para a homenagem ao «Bicho» portista, que nunca será esquecido. A equipa azul e branca manteve os titulares do jogo oficial de apresentação, realizado com o Atlético de Madrid, e voltou a vencer: agora de forma mais contundente, brilhante e evidente, por 3-0, que facilmente poderia ter sido uma mão cheia de golos para os dragões.
Comecemos pelas homenagens a JC. Foram várias as formas de o fazer, nesse dia, dentro e fora do estádio. A registar: memorial num espaço isolado diante das portas 26-27 e pinturas faciais com o número 2 e duas riscas (uma azul e outra branca) nos portistas que o desejassem fazer, ambas no exterior. Já no interior: bandeira antiga do clube içada bem no alto, em destaque, aquela que sempre acompanhou JC nas grandes vitórias e que cobriu o seu caixão fúnebre durante as exéquias; lona circular a preencher todo o meio-campo, com uma foto sua; cartolinas com a impressão das costas da camisola do JC, num misto entre azuis e brancas, que formaram oram o seu nome em duas bancadas, ora o seu número 2, nas outras duas laterais; o minuto de silêncio (embora, lamentavelmente, nem sempre cumprido) antes do apito inicial; todos os jogadores do FCP com braçadeiras pretas na manga e com o número 2 em posição de “elevado a”, diante do número principal, nas costas de cada jogador; os fortes aplausos, e de pé, ao longo de todo o segundo minuto da partida; o celebrar dos golos – primeiro, por Pepê, que veio ao banco buscar a camisola 2 do JC e ergueu-a perante o estádio, segundo, por Samu, que mostrou a todos a mensagem que tinha na camisola interior: “descansa em paz, JC” e apontando para o céu; e, no final da partida, o vestir da camisola do JC pelo capitão e guardião Diogo Costa, por cima da sua, agarrando na mão a braçadeira de capitão que era do JC.

Vamos, então, ao jogo em si. O Vitória começou por assustar e criar perigo, logo aos 30 segundos. Mas o domínio, em geral, do jogo, dos ataques e remates recaiu sobre a equipa anfitriã. O primeiro golo portista estava praticamente destinado, depois de algumas tentativas falhadas. Surgiu aos 12 min., com grande força ofensiva de atacantes que subiram em linha – Samu, Borja e Pepê –, tendo este segurado a bola após Borja perdê-la e a colocado no fundo das redes, não dando hipóteses de defesa a Charles.
Pouco depois, min. 14, foi mostrado o primeiro amarelo da partida, para Tiago Silva do VSC, por grave falta cometida contra Alan Varela, dando-lhe com o pitão perto da canela. Fruto desse livre quase aparecia o segundo golo portista. Mais adiante, houve golo anulado a Samu, por fora de jogo a Pepê, que fez a assistência. Contudo Samu, que estava com “fome de golo”, não se resignou nem baixou os braços e, aos 32 min., saltou e levantou bem a cabeça, no seguimento dum pontapé de canto, fazendo o 2-0 com uma categórica cabeçada.
Aos 52 min., Martim Fernandes saiu lesionado, de maca e sob aplausos de apoio, entrando Zaidu para o seu lugar. Esse espaço defensivo está fragilizado e preocupa a equipa técnica portista, pois com Moura e, agora, Martim lesionados apenas Zaidu consta no plantel para essa posição. Ou a jogar como tal. Entretanto, outras substituições ocorreram na equipa da casa: saídas de Bednarek, Gabri e Borja, para respetivas entradas de Prpic, Eustáquio e William. E voltemos ao Samu, que quis bisar (min. 78) e fê-lo com um ressalto após remate de Eustáquio (fora da grande área). Era o 3-0. A dez min. antes do término regulamentar, e após um bom remate de Froholdt à baliza, viram-se as bancadas muito iluminadas pelos milhares de lanternas dos telemóveis levantados dos adeptos, contribuindo ainda mais para o vibrar daquele espetáculo cumprido no Dragão.
Uns cinco min. depois, Samu foi substituído para receber um forte aplauso dos adeptos e para dar oportunidade àquela que foi a grande surpresa contratual do FCP, com De Jong a entrar. Logo no seu primeiro toque – e de calcanhar – assistiu Eustáquio, que marcou. Mas o VAR não validou, por o avançado neerlandês estar em posição irregular.
O que referir deste FCP neste jogo e de alguns dos seus jogadores?
Nota-se uma alegria e motivação na equipa portista, em geral, sobretudo naqueles que já compunham o plantel na época passada e que passaram por várias agruras e dificuldades. Basta ver, por exemplo, os dois goleadores neste encontro. Esse mérito parece ser, também, do atual treinador Farioli, que vai conquistando os adeptos. Vê-se, ainda, alguma versatilidade nos dragões que se têm evidenciado, numa equipa que se tem mostrado eclética e com qualidade, jogando com objetivos e objetividade.
Isso constata-se no facto de ter destacado, no jogo anterior, o Froholdt e o Borja, como homens do jogo. Ao passo que neste, foram outros – sem que esses dois não deixassem de jogar bem. Ou seja, elejo neste não apenas o Samu, MVP para a LP, mas também o Diogo Costa – recebeu o galardão Clean Sheet –, o Pepê e, mormente, o baluarte defensivo Bednarek, que bem já faz lembrar o JC em campo, pela sua garra, entrega e destemor. Aliás, o polaco evitou, três vezes seguidas, remates à baliza de contra-ataque do VSC ao terminar a primeira parte. Entre outros cortes defensivos feitos por este excelente reforço portista.
Outro reforço para esta época, e também na defesa, fez-se sentir e estar mais solto em campo: o Alberto Costa, que pode ser muito útil à equipa, interpretando o jogo desejado por Farioli, e tendo feito a assistência para o segundo golo (o primeiro de Samu). Todavia, deverá ser mais eficaz, limando e melhorando alguns dos pequenos erros cometidos.
Mantém-se a análise que fiz no jogo anterior quanto a dois jogadores, e que aqui subsisto por se terem repetido tais situações: uma, quanto ao Gabri, que em momento de maior pressão e tensão de jogo terá de manter a cabeça fria, a calma e a disciplina; e, outra, quanto ao Mora, com provas dadas, e por ainda não ter merecido a titularidade, nem uma das substituições ocorridas. De respeitar a decisão do treinador, naturalmente, porque sabe o que será melhor para a equipa – e equipa ganhadora é de permanecer (assim foi) – e porque está a imprimir aquele ritmo e intensidade que é ADN do FCP e que a massa associativa gosta. Mas, é preciso não esquecer que esta também aprecia muito o seu «menino querido» e que foi decisivo em muitos momentos na época passada (10 golos, 4 assistências e 8 prémios MVP) – tendo sido, por isso, logo convocado para a Seleção Nacional e ter merecido lugar titular em jogos da «Liga das Nações». Está, agora, nomeado para o troféu Kopka, os considerados melhores sub-21 do mundo.
Portanto, e para concluir: este FCP promete, está em grande forma e parece voltar àquelas grandes referências e vitórias do passado histórico, voltando à luta pelo título conquistador da LP, entre outras provas. Até pode ser ainda cedo para estas conclusões, já que estamos no início e ainda faltam muitos jogos e diferentes competições para disputar. Todavia, é para mim certo que – a par dos melhores atletas que já tínhamos e que são necessários (Diogo Costa, Samu, Pepê, Varela e Mora) – alguns dos reforços, com pouquíssimos jogos, são já notoriamente preciosos e apostas efetivamente ganhas: Bednarek, Froholdt, Borja, Prpic e, oxalá, De Jong (só teve uns 9 minutos, com descontos).